sábado, 25 de junho de 2011

Copas do Mundo

Como estamos “carecas de saber”, FOMOS os campeões mundiais de futebol diversas vezes. Todos nos respeitam por isso. TEMOS o melhor futebol do mundo, se bem que o nosso “salto alto” de “acharmos que somos os melhores”, não nos deixa SER os melhores. No voleibol SOMOS os melhores, porém, nele, diferentemente, PERSEGUIMOS a qualidade, TENTAMOS nos aproximar da perfeição.
Existe, no entanto, uma série de outros títulos mundiais em que SOMOS os campeões, imbatíveis. São torneios (nem sei se podemos chamá-los assim) de pouco destaque, interessando muito mais aos praticantes.
A reflexão anterior é apenas um preâmbulo para expor um tema que me veio à mente e que decidi colocar neste blog. Porém, antes de colocá-lo no papel, deparei-me com a Revista Veja de 22/06/2011 e nela, a crônica “E a malandragem?” de J.R.Guzzo, que trata do mesmo assunto.
 Antes que alguém me acuse de plágio, transcrevo pequenos trechos da crônica brilhante de Guzzo. Diz ele:
  • “o Brasil se tornou uma espécie de paraíso da tapeação”;
  • “desenvolvemos técnicas cada vez mais avançadas e eficientes para convencer a opinião pública de que coisas que todo mundo está vendo, não existem”;
  • “o Brasil se transformou num dos países onde é mais fácil para o governo passar qualquer tipo de conto do vigário”.
  • “se o brasileiro se diz tão esperto, por que estamos sempre no papel de otários?”.
Pergunto, se somos exímios passadores de contos do vigário, como demonstra a nossa cultura, por que engolimos explicações do tipo das que nos querem fazer crer, como, por exemplo, de que a troca/inversão dos titulares das Relações Institucionais/Pesca é muito pertinente. Institucionalizaremos a pesca com Luiz Sergio e Salvattiremos as instituições com Ideli.....O time foi escalado errado?
Com tais exemplos fica comprovado que somos, também, Campeões Mundiais de Tapeação Descarada, de Conto do Vigário Oficial, de Mágica e Prestidigitação de Fatos e de Cargos.
Assistimos a tais campeonatos, até mesmo vibramos com eles, e achamos que estamos jogando uma bela partida, apesar de assisti-las com os olhos fechados.
Com muita propriedade, Guzzo relembra uma obra prima de Chico Buarque, no samba “Homenagem ao Malandro” quando diz: “não é normal o que dá de malandro regular, profissional, malandro com aparato de malandro oficial, nunca se dá mal”.
Finalizo, citando o fato da malandragem-tapeação que me inspirou.
Que a Copa do Mundo será no Brasil, já sabemos.
Que as obras necessárias estão atrasadas, sabemos de longa data.
Que muitos não se preocuparam com o atraso das obras, estava evidente.
Por que? Seria por que o brasileiro tem tradição de fazer tudo em cima da hora? É verdade, mas não era por isso.
Os menos otários de nós já sabiam que existiam prestidigitadores a quem interessava deixar que elas se atrasassem. Chegaria um momento em que se faria necessário jogar rápido. E, para andar rápido, precisava-se fazer sumir da cartola os entraves legais que “emperram” tudo. A mágica não era fácil, mas os mágicos deveriam receber cachês altíssimos, compensadores do serviço executado. Afinal somos os campeões, sabemos fazer. Completaríamos o truque transformando estádios de “10 conto de réis” em estádios de “20 mirréis”.
Deu tudo certo. Veio a palavra mágica.
Sigilo.
Propostas de oferta de preços não seriam anunciadas, não divulgadas, sigilosas. Só depois, no momento oportuno. Além disso, os ganhadores executariam tudo do projeto, do início ao fim. Como campeões deste esporte, ganhamos, deu tudo certo!
Faltava apenas encontrar a justificativa que faria a imensa torcida acreditar, vibrar com o sistema de jogo.
E lá veio a explicação oficial. Com o novo esquema “faremos com que haja muito maior transparência nos processos de licitação, evitando fraudes, evitando conchavos entre licitantes”, disseram os mágicos.
Ora, se é verdade que o processo que socorre emergencialmente o atraso das obras da Copa e das Olimpíadas Brasileiras e dá maior credibilidade ao processo licitatório, por que é que somente agora se adota a nova tática de jogo? Nunca se licitou nada antes?
Amigo, deixe de inocência, mágico que é mágico não explica o segredo do truque.
Habemus Copa!                               
E o otimismo do blogueiro onde fica? Desculpe-me Ruy Barbosa, mas creio que as nulidades um dia deixarão de triunfar e veremos a superioridade do time dos Honestos Éticos Futebol Clube.  
Teo – 25/06/11
  

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Onde CiVil?

Confesso minha total ignorância sobre o nome e, óbvia e consequentemente, das credenciais do anunciado novo (nova) titular da pasta de Ministro da Casa Civil. Jamais tinha ouvido falar dela. Porém, ao ser revelado seu currículo, concluí tratar-se de alguém que reúne grandes qualidades para ocupar cargo de tamanha relevância, apesar de muito jovem.  Afinal, irá suceder pessoas de projeção como Palocci e Dirceu. Seu currículo impressiona, pois dentre outras coisas, dirigiu Itaipu, o que não é para qualquer um. Para isso é preciso ter credenciais, particularmente, uma boa formação em gestão empresarial. E ela tem. Deste modo, fui apresentado a ela da mesma forma que o foi a milhões de brasileiros, na entrevista inicial que deu à mídia e no discurso de posse.
Aí.........aí, gente, .........Gelei!!!.
Eis que ela derrama nos microfones, cerca de meia dúzia de “Presidentas”, referindo-se ou dirigindo-se à Presidente Dilma. Bem, relevemos. Afinal, parece que “Presidenta” é o nosso mais novo neologismo. Componentes das Câmaras, senadores e vereadores, com honrosas exceções, usam o recém nato vocábulo a todo o momento...
Porém, não satisfeita, ela descarrega um ADÉÉÉÉÉQUA!!!!! Aí não tem regra gramatical inculta que aguente. O verbo Adequar é um verbo defectivo e como tal, não contempla conjugação em todos os tempos do presente do indicativo (aqui só é conjugado na primeira e segunda pessoa do plural) e do subjuntivo. Portanto, Ministra, a senhora não se ADÉÉÉÉÉQUA, nem mesmo se ADEQUUUUUA, ao perfil que a PRESIDENTA espera da nova integrante da Casa CIVIL (origem do meu trocadilho de mau gosto, ONDE CIVIL?), simplesmente porque a palavra não existe!!!
Portanto, sra. Gleisi, no seu primeiro contato após nomeação vimos que nós brasileiros, que acreditamos em você POR UMA VIDA MELHOR, constatamos que a senhora defende o mesmo princípio – POR UMA VIDA MELHOR – mas como título do livro da professora apoiada, e apoiado, pelo MEC. Salve a regra inculta! Rsrsrs...
Bem, o otimista aqui, tem certeza de que tudo se deve à emoção e ao nervosismo da estréia.
Téo -09/06/11                     

domingo, 5 de junho de 2011

"Na verdade"

Basta uma atenção superficial aos veículos de comunicação, falada e escrita, para se ter a certeza de que nunca se utilizou tanto a expressão "na verdade". Modismo? Talvez. Em tempos nos quais se cometem, a todo o momento, crimes de lesa-idioma, nada mais nos surpreende. Muitas vezes, tais crimes são praticados por aqueles que nos governam e que, portanto, teriam maiores responsabilidades, seja com o nosso idioma, seja com o real conteúdo do que expressam. Sou leigo em psicologia, porém, arrisco uma pergunta sobre o excesso de "na verdade”. Não seria por que nunca se mentiu tanto neste país?
Seria exagero de otimismo pensar que tudo isto pode mudar? Utopia? Penso que não. Basta não gastarem nosso rico dinheirinho produzindo e adotando cartilhas sem nexo que ignoram a regra culta da nossa riquíssima língua. Fazermos da ética e da verdade o padrão dos discursos e das atitudes de todos nós que ocupamos cargos de responsabilidade social.  
Téo
05/06/11