domingo, 29 de junho de 2014

Uma vitória da Copa 2014 no Brasil


Futebol é "somente" um esporte coletivo, uma disputa esportiva, como tantas outras. Nele, obviamente, como todo jogo, perde-se, ganha-se (ou claro, empata-se). 
Nada mais do que isso.
É classificado como o jogo esportivo mais praticado no mundo. 
No entanto, há diferenças emocionais dos cidadãos dos vários países onde ele é praticado, seja quanto ao que ele representa, seja no processo de cidadania, de civilidade ou de nacionalidade. 
Desperta vários tipos de paixões.
Dou um exemplo no esporte de excelência olímpica, o atletismo. Hitler, o ditador da Alemanha, promoveu os jogos Olímpicos da Alemanha de 1936 como a grande oportunidade de demonstrar ao mundo, segundo ele, a superioridade da sua raça ariana sobre as demais raças. Foi mais um dos seus enormes fracassos. Porém, o episódio serve para demonstrar como pode ser desvirtuada a função saudável do esporte na vida dos cidadãos. Em nome do futebol, alguns países quase chegaram a deflagar guerras.  
Faço esta introdução para me referir a UMA JÁ ENORME VITÓRIA DESTA COPA DO MUNDO NO BRASIL, ainda em sua fase de oitavas de final.  
Relembremos o ambiente dos estádios de futebol do Brasil na fase anterior à Copa 2014. A maioria deles quase sempre às moscas, mesmo em dias de jogos importantes e tradicionais. Cenas de violência frequentes, seja nas arquibancadas, seja dentro de campo. Vândalos travestidos de "Torcidas Uniformizadas" promovendo a desordem dentro e fora dos estádios. Crimes de morte praticados entre torcedores. Jogadores, a quem caberia promover o espetáculo esportivo, comportando-se (nem todos, claro) com igual violência. E, destacadamente, estádios exibindo a ausência, provocado pelo medo, das famílias, mulheres e das crianças, no esporte que é uma das grandes paixões dos brasileiros.
E qual a grande vitória a que me refiro e já concretizada nesta Copa de 2014 no Brasil? É a lição que nos é dada ao vermos torcidas de rostos felizes nas arquibancadas, exibindo sua alegria uniformizada e fantasiada entre torcedores de times oponentes, lado a lado, numa convivência de Babel alegre, felizes, mesmo nas derrotas. E em destaque, vemos famílias presentes com suas mulheres e, principalmente, crianças sem medo, interessadas, vibrando.
Será que quando retornarem nossos campeonatos regionais e nacionais poderemos ver e sentir novamente os mesmos quadros? Ou os belos estádios, tão criticados na fase pré-copa, serão palcos de primeiro mundo a exibir a habitual violência nossa do dia-a-dia daqueles que os frequentam somente para praticar sua fúria fanática e que afastaram nossas crianças, talvez futuros neymares, do prazer de assistir os espetáculos deste esporte ao vivo?
E uma última pergunta. 
Os novos estádios precisarão receber alambrados (grades), hoje ausentes na Copa (porque dispensáveis a povos civilizados), como jaulas contra os vândalos da violência?
Téo 29/06/14