sábado, 15 de outubro de 2011

Soldado Desconhecido



A ideia do tema me veio ao ver a presidente do Brasil chegando ao país dos seus antepassados, a Bulgária. Sua atividade inicial programada pelo cerimonial, como não poderia deixar de ser em qualquer cerimonial que se preze, foi a de depositar flores no túmulo do soldado desconhecido.
Desculpem-me a ignorância, ou se gentilmente preferirem, a falha busca que fiz, pois não encontrei eventuais raízes históricas para o hábito de assim se proceder quando um país recebe visitante ilustre.
Quem é este tal de Soldado Desconhecido? Ele está em todas! Do que terá ele falecido? Claro, são vários os soldados desconhecidos, de inúmeras nacionalidades. Cada um morreu de uma forma. Se há tantos países com seus respectivos túmulos de desconhecidos, seria esperar demais que tivessem todos morrido da mesma maneira. É incontestável, portanto, que a maioria dos países possui soldados desconhecidos, caso contrário não se colocaria a cerimônia de abertura de visita a seus túmulos. A não ser que com tanta tradição, com tanta importância que se dá ao evento de visitá-los, construíram-se túmulos e lá estão enterrados soldados indigentes sem nome, ou mesmo, sem ninguém lá dentro.
Brincadeiras à parte, uma coisa fica evidente. Todos estes países e povos que têm tais túmulos com tais soldados, heróis desconhecidos, devem ter tido muitas guerras importantes. Fratricidas. Mataram muitos inimigos e, também, morreram pelos seus países. Se assim não fosse, não haveria tais túmulos. E estas guerras devem ter sido fatos, talvez, os mais relevantes destes povos, pois se assim não fosse, não seriam seus túmulos o primeiro local colocado pelos cerimoniais diplomáticos para serem visitados. Tais túmulos têm o grande mérito de provar que o ser (des)humano é um guerreiro por natureza.
Será que os países não teriam nada mais importante para apresentar como cartão de visita ao ilustre visitante? Mesmo que fossem túmulos, com ou sem defuntos dentro. Chegar aos USA e visitar o túmulo do conhecido pacificador Martin Luther King; aterrissar na França e visitar o túmulo do famoso Napoleão Bonaparte para mostrar como acabam conquistadores ambiciosos; ou em países “dirigidos” por ditadores sanguinários quase perpétuos, mostrar o túmulo de suas vítimas; ou aportar na Índia e visitar o túmulo do Mahatma Gandhi; ou, em Londres ir ao túmulo de Sir Alexander Fleming o descobridor da penicilina que impediu a existência de muitos defuntos conhecidos ou desconhecidos; ou o de Madre Tereza de Calcutá; ou o túmulo daquele desconhecido que ao morrer doou alguns órgãos que salvaram vidas; ou ainda, para os mais atuais visitantes, procurarem a cova de Steve Jobs.
E aqui no Brasil? Somos um povo que tem a fama de ser pacífico. Como se faz, então, para não ficar por baixo e ter um túmulo decente de soldado desconhecido para ser florido pelo visitante ilustre? Claro, somos também o povo criativo e do jeitinho, então, claro, temos o nosso túmulo-cartão de visita. Não nos esqueçamos dos valorosos pracinhas da nossa campanha da Itália na segunda guerra mundial. Não temos muito mais a apresentar. Tiradentes, talvez. Mas, já que somos criativos poderíamos ter os túmulos de vários heróis, não tão soldados, nem tão desconhecidos. Há tantos que morreram por balas perdidas em batalha sem nome; outros sequestrados devolvidos defuntos e com parentes que pagaram resgates e ficaram sem um níquel para que fossem sepultados em túmulos dignos; motoristas respeitadores das leis de trânsito que dentro das trincheiras de seus automóveis receberam disparos alcoólicos provenientes de outra arma letal dirigida e apontada por soldado até muito conhecido que chegou a ser eleito deputado; outros ainda que perderam a batalha vitimas de pedradas. De crack.
Como se vê, apesar de sermos este povo pacífico, matéria prima não nos faltaria para construir um túmulo superfaturado para nossos soldados e guerreiros desconhecidos.  
Téo               

  

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Mano

Com toda a sinceridade. Creio que até chegarmos à Copa de 2014 o Mano Menezes terá conseguido formar uma ótima seleção. Só faltará um técnico.
Téo - 23/09/2011

terça-feira, 20 de setembro de 2011


Respeite o sinal vermelho!!!
Sempre que volto a escrever sobre um tema qualquer, minhas reflexões encontram, na raiz dele, impropriedades legais, seja no não cumprimento de normas, seja pela existência de outras inviáveis de serem cumpridas, ou pouco claras ou, ainda, claras, necessárias, porém, de execução pouco ou nada fiscalizada e, ainda, aquelas que este criativo povo brasileiro encontrou forma de burlar.  
Refiro-me às tarjas que, todos sabem, existem estampadas nas embalagens dos medicamentos. Há cores delas para todos os gostos. Pretas, amarelas, vermelhas e, ainda, as que se livraram delas com respaldo legal e/ou científico. Antes de entrar no cerne do assunto que me leva a escrever, é bom que eu diga, como profissional que sou na área, que julgo correta a aplicação delas, inclusive, da policromia toda.
Obviamente, não cabe aqui explicar do que cada uma delas nos adverte.
Detenho-me na vermelha. Fazendo um paralelo com os semáforos do trânsito, cuja luz nos indica “Pare”, esta cor nos medicamentos significa o mesmo.
Criada há cerca de quarenta anos, a lei obriga a enorme maioria dos medicamentos vendidos no mercado brasileiro, a ostentar o “semáforo” vermelho, isto é, são de “venda obrigatória sob prescrição médica”. Deste modo, quem fosse ao estabelecimento farmacêutico (drogaria ou farmácia) para adquirir tal produto, saberia que somente o poderia fazê-lo mediante a apresentação da prescrição do médico. Nada mais coerente. Países desenvolvidos assim procedem, mesmo sem tarja. Médicos e farmacêuticos também têm a obrigação de conhecer.
Há cerca das mesmas quatro décadas, isto tem sido sistematicamente ignorado. É mais um instrumento legal que não “pegou” neste nosso país BRIC, emergente. Uma farra de sérias conseqüências.
Vocês devem estar se perguntando a razão pela qual resolvi falar disso agora.
Nossos responsáveis pela vigilância sanitária sabendo que a tarja vermelha é “só prá inglês ver”, decidiram “pinçar” a classe dos antibióticos incluída dentre as que têm a faixa vermelha. Desrespeitada, tal como outras. Criou-se, então, um sistema de retenção da receita para os antibióticos, sistema ainda não totalmente implementado, porém, já surtindo efeitos de diminuir o consumo desenfreado nesta categoria. Sábia decisão, pois, mais do que outras classes, o uso indiscriminado dos antibióticos leva à graves consequências aos pacientes. Já presenciei usuários irem à farmácia e pedirem ao balconista, o antibiótico a que estão habituados a consumir livremente para, pasmem, uma simples dor de cabeça! Na extremidade dos riscos, estão as bactérias que criaram resistência e “não mais dão bola” àqueles antibióticos que sempre as inativaram. Neste mesmo mecanismo estão também as infecções hospitalares.
Pois bem. Uma vez dificultado o acesso indiscriminado aos antibióticos, divulga agora a imprensa que os consumidores passaram a substituir antibióticos pelos anti-inflamatórios, os quais também ostentam o mesmo sinal vermelho, mas que continuam também (com pouquíssimas exceções legais) a serem vendidos livre e indiscriminadamente. Anti-inflamatório é anti-inflamatório. Antibiótico é antibiótico. Nada tem a ver um com o outro sob o ponto de vista farmacológico. Acontece que os anti-inflamatórios usados impropriamente, levam a outros efeitos secundários graves (lesões renais e gástricas). E agora? Precisaremos de uma nova norma da norma para esta categoria também?
Que coisa não? Tudo porque um regulamento não é respeitado e pouco fiscalizado há quatro décadas!
Mais um sinal vermelho para a saúde do brasileiro. Aceso há quarenta anos e, tal como os semáforos verdadeiros, poucos os atendem, e cujas consequências podem levar a uma tarja preta para a qual não há mais remédio.
O otimista aqui crê que tão somente o respeito multilateral a uma norma essencial seria o suficiente para evitar inúmeros danos. Não é utópico, não seria de difícil execução. Basta um pouco de cidadania.
Téo – 19/09/11

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Tá chato!


Sem ufanismo exagerado. Nós brasileiros estufamos o peito quando nossa veia patriótica é tocada. Nossa bandeira e nosso hino são os mais bonitos. Orgulhamo-nos de nossas belezas naturais e, até mesmo, da faca de dois gumes do nosso chamado jeitinho. É aqui que, dizem, em se plantando tudo dá; onde vive um povo pacífico, que sorri da miséria e que, como diz o comercial da TV, é o povo mais feliz do mundo. Se o homem feliz não usava camisa, o brasileiro é feliz sem sapatos, vestindo chinelo de dedo; suas mulheres são famosas pela beleza; sua música popular é conceituada (Frank Sinatra não resistiu aos encantos); o biquíni, ou a tanga, das brasileiras é modelo copiado em todo mundo (até triângulo negro interior das tangas tem modelo de corte admirado pelo mundo); o talento criativo dos nossos profissionais é conceituado; a publicidade tupiniquim conquista prêmios internacionais; o futebol é (ou era?) insuperável; deixamos de ser país subdesenvolvido e, agora, nos enquadramos entre os emergentes (ostentamos no peito, orgulhosamente, a letra B dos BRICs); somos a oitava economia do mundo, criamos o automóvel que não agride a natureza porque movido a etanol; desenvolvemos a urna eletrônica (coitada!) que nos permite conhecer o desastre em menos de vinte e quatro horas. Quanta coisa!
Mas, como está chato ser brasileiro! Ou, pelo menos, de “vivermos” (?!) o nosso atual dia-a-dia. Vocês poderão perguntar: cadê o otimismo do blogueiro? Sucumbiu?  Como tem a coragem de dizer que está chato?
Apesar de eu acreditar que “o bem é silencioso e o mal é barulhento”, repito, com convicção: está chato meeesssmo! Se desejar, posso substituir o adjetivo chato por triste, desalentador, revoltante, duro, difícil. Porém, chato define melhor o momento, porque os demais não seriam nenhuma novidade.   
Viramos diariamente a folhinha do calendário, mas estamos vendo, lendo e ouvindo, já há muitos anos, as mesmas notícias. Se a folhinha congelasse, nem daríamos conta. Está monótono. Ao menos para quem os parâmetros da verdadeira inserção no mundo desenvolvido não são representados pela maioria dos exemplos que dei no início.
Juiz assassinado com uma quantidade de tiros que mataria um regimento completo; pai de família é morto ao abrir o portão da garagem de casa; político é suspeito de fraudar...; policial é acusado de fazer parte de quadrilha de....; aumenta o consumo de crack entre os jovens; político motorista embriagado mata...; políticos adiam novamente votação de...e votam aumento dos próprios ganhos; suspense na novela prá saber quem matou...; polícia desmonta quadrilha de crianças que roubava lojas em...; ministro suspeito de se envolver em...; “saidinha” de banco mata aposentado que...; caixa eletrônico é explodido em...; após denúncias ministro renuncia ao cargo; vândalos invadem e destroem instalações e materiais de escola; responsáveis pelo escândalo político do...permanecem impunes...; presidiários escapam pela porta da frente..., criança é morta por bala perdida..., novela exibe chantagem do personagem...para se apossar de ações de empresa...
Estas outras “belezas” têm feito parte da nossa rotina. Virou prato que nos é empurrado diariamente. Mudamos de canal, viramos a página do jornal impresso ou eletrônico, a estação do rádio, as mesmas notícias, dia após dia. Claro, missão de imprensa é informar.  
Em nível internacional, mescladas com os mesmos tipos de informação, encontramos, por exemplo, população se rebela contra ditador do..., no país tal...estudantes exigem melhor qualidade de ensino, no país x cuspir ou jogar lixo no passeio público resulta em punição, no país y caminha-se de bicicleta durante a noite, sem receios, etc.
Estamos emergentes. Somos BRICs. Somos importantes no mundo do século 21, salientam bambas da Economia. E os bambas da Educação, da Ética, da Segurança, o quê nos dizem? Somos emergentes nestas áreas também? Temos uma nova classe média. Aleluia. Temos trinta e seis milhões de novos consumidores, para satisfação da Economia. E daí? Continuaremos a cuspir no chão, vender bebidas alcoólicas a menores, atirar latas de cerveja pela janela do automóvel, viajar com pneus carecas, causar acidentes por irresponsabilidade, se entupir de álcool, não no tanque de combustível, mas sim na autodestruição de neurônios que poderiam nos fazer um pouco melhores. 
Ei blogueiro pessimista, pára! No entanto, me reafirmo otimista, pois acredito que a consciência dos nossos direitos nos fará espelharmo-nos no despertar primaveril atual de povos subjugados. Com certeza despertaremos um dia neste nosso país em que chamamos de “autoridade” indivíduos que, com raríssimas exceções, sempre abusaram da credulidade deste maravilhoso e pacífico povo brasileiro. 
A titulo de exemplo, termino referindo-me ao programa da TV apresentado pela renomada, tradicional, conceituada e querida Ana Maria Braga. O programa, obrigatório nas grades de veiculação de agências e anunciantes de produtos dirigidos, principalmente, às mulheres, em particular àquelas antigamente conhecidas como as donas de casa.  Ganhou fama por dirigir-se e mostrar ao seu público temas e receitas culinárias, entrevistados abordando assuntos sociais relevantes, de variados conteúdos (sem explorar sentimentalismos baratos), artesanatos, algo de humor e artes, etc. Porém, surgiu canal concorrente, no mesmo horário,  abordando, predominantemente, a violência explícita. O programa da conceituada apresentadora voltou-se, então, às cenas e receitas de violência, em panela de pressão, vinagrete, assadas, fritas, de forno e fogão, provando que o que vale é audiência, faturamento, combater o concorrente, mesmo que engulamos o prato amargo da violência.
 Téo   
08/2011    
   

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Lei ou Moléstia Contagiosa ou Vacina?


Brasileiro é criativo. Pode ser chavão, mas é a realidade. Mesmo.
Mas qual a criatividade deste brasileiro aqui que o leva a dar estranho título à crônica?
Quem já não ouviu a pergunta:
“Mas, doutor, esta doença pega?”
Nada mais natural, corriqueiro, particularmente por parte de mães preocupadas com a saúde dos filhos, ou vindas de filhos felizes ao constatarem
 “Mãe, minha vacina pegou!”
Claro, doenças infectocontagiosas, como o próprio nome diz, podem transmitir-se, de um modo ou de outro. Fulano de tal pegou a doença. Minha vacina pegou. Citando letra de música de Chico Buarque: peguei uma doença em Manaus”.
E o quê “Lei” tem a ver com isso?
Neste nosso querido país há certas semelhanças entre os termos que dão título a este comentário.
Quantas vezes já ouvimos, ou nos perguntamos:
“será que esta lei pega?”
Epa, mas lei não é vacina, nem moléstia contagiosa! Como? Pega? Das inúmeras definições de “Lei” que encontro nos dicionários, destaco duas:
1-   obrigação imposta e
2-   prescrição do poder legislativo.
Então, Lei não é prá pegar. Lei é. Mas, no Brasil lei não é. Lei pode ser que seja. Exemplos? Vamos lá.
Em 2006 nossos astutos governantes aprovaram lei que regulamenta, exige, que se fabriquem medicamentos em embalagens que possibilitem serem fracionados, isto é, subdivididos em partes menores para assim serem postos à venda. Com a melhor das intenções (sim, aquelas mesmas que lotam o inferno). O brasileiro consumidor, normalmente com moléstias do bolso, poderia, deste modo, comprar seu remedinho na medida exata, não sobrariam restos na farmacinha doméstica e que, depois, lá morreriam (as embalagens, claro) com prazo de validade vencido. Um desperdício. Uma economia com a lei editada. Mas, nossos astutos legisladores, se informaram da viabilidade técnica para que tais medicamentos se tornassem reais? Quiseram saber se o fracionamento traria riscos aumentados de contaminação, com responsabilidades difíceis de atribuir? Já vimos, na mídia, manchetes tais como “a lei dos medicamentos fracionados não vingou”. E os astutos passaram a atribuir a não aplicação da lei, ao “corpo mole” e a falta de interesse do setor produtivo.
Outro exemplo.
 A “Lei do Jaleco”. Eureka! (desculpe Arquimedes, criador do termo). Como não se havia pensado nisso antes? Claro, profissional de saúde passear de jaleco, avental branco, pela rua poluída é trazer para o ambiente de trabalho vários contaminantes varridos pelos uniformes. Mais uma vez a boa intenção estava evidente. Mas, precisava de lei para isso? E a responsabilidade individual do profissional de saúde? Não existe? Legislador, como se fiscaliza isso? E o açougueiro, o padeiro, o cozinheiro que passam pela rua ostentando branco? Serão todos presos? O fiscal irá inquiri-los sobre suas profissões? Tá de branco, teje preso!!!
Mais exemplos?                  
A reformulação jurídica que estabeleceu novas regras para o Código Penal (juristas, desculpem este leigo por meter o bedelho) e alterou questões ligadas à prisão preventiva. Em certos tipos de delitos, assim ditos “leves”, foi restringida a aplicação de prisão preventiva, foram gerados novos critérios para pagamento de fiança, etc. Excelentes as intenções (sim, aquelas mesmas). Desafogaremos prisões (construir novas seria muito caro...), criaremos espaços nos cubículos atuais, talvez enviemos criminosos potencialmente mais perigosos para a rua (como já o fazemos no Natal e no Dia dos Pais), juízes terão agendas menos cheias, processos correrão mais céleres, etc. A questão é juridicamente polêmica, no entanto, como se fiscalizará isto? Fulano volta para casa no horário determinado? O sensor de localização vai funcionar? O usuário recarregará as baterias dele?  Enfim, esta lei vai pegar?
O que o blogueiro otimista pode extrair disso tudo? Apenas ter a certeza de que um dia, com a nossa participação e colaboração, haverá normas cada vez mais contagiosas, que peguem, e que os elaboradores adicionem nelas, cada vez mais, os ingredientes da competência, da cultura e do espírito público.          
Téo -21/07/11

sábado, 25 de junho de 2011

Copas do Mundo

Como estamos “carecas de saber”, FOMOS os campeões mundiais de futebol diversas vezes. Todos nos respeitam por isso. TEMOS o melhor futebol do mundo, se bem que o nosso “salto alto” de “acharmos que somos os melhores”, não nos deixa SER os melhores. No voleibol SOMOS os melhores, porém, nele, diferentemente, PERSEGUIMOS a qualidade, TENTAMOS nos aproximar da perfeição.
Existe, no entanto, uma série de outros títulos mundiais em que SOMOS os campeões, imbatíveis. São torneios (nem sei se podemos chamá-los assim) de pouco destaque, interessando muito mais aos praticantes.
A reflexão anterior é apenas um preâmbulo para expor um tema que me veio à mente e que decidi colocar neste blog. Porém, antes de colocá-lo no papel, deparei-me com a Revista Veja de 22/06/2011 e nela, a crônica “E a malandragem?” de J.R.Guzzo, que trata do mesmo assunto.
 Antes que alguém me acuse de plágio, transcrevo pequenos trechos da crônica brilhante de Guzzo. Diz ele:
  • “o Brasil se tornou uma espécie de paraíso da tapeação”;
  • “desenvolvemos técnicas cada vez mais avançadas e eficientes para convencer a opinião pública de que coisas que todo mundo está vendo, não existem”;
  • “o Brasil se transformou num dos países onde é mais fácil para o governo passar qualquer tipo de conto do vigário”.
  • “se o brasileiro se diz tão esperto, por que estamos sempre no papel de otários?”.
Pergunto, se somos exímios passadores de contos do vigário, como demonstra a nossa cultura, por que engolimos explicações do tipo das que nos querem fazer crer, como, por exemplo, de que a troca/inversão dos titulares das Relações Institucionais/Pesca é muito pertinente. Institucionalizaremos a pesca com Luiz Sergio e Salvattiremos as instituições com Ideli.....O time foi escalado errado?
Com tais exemplos fica comprovado que somos, também, Campeões Mundiais de Tapeação Descarada, de Conto do Vigário Oficial, de Mágica e Prestidigitação de Fatos e de Cargos.
Assistimos a tais campeonatos, até mesmo vibramos com eles, e achamos que estamos jogando uma bela partida, apesar de assisti-las com os olhos fechados.
Com muita propriedade, Guzzo relembra uma obra prima de Chico Buarque, no samba “Homenagem ao Malandro” quando diz: “não é normal o que dá de malandro regular, profissional, malandro com aparato de malandro oficial, nunca se dá mal”.
Finalizo, citando o fato da malandragem-tapeação que me inspirou.
Que a Copa do Mundo será no Brasil, já sabemos.
Que as obras necessárias estão atrasadas, sabemos de longa data.
Que muitos não se preocuparam com o atraso das obras, estava evidente.
Por que? Seria por que o brasileiro tem tradição de fazer tudo em cima da hora? É verdade, mas não era por isso.
Os menos otários de nós já sabiam que existiam prestidigitadores a quem interessava deixar que elas se atrasassem. Chegaria um momento em que se faria necessário jogar rápido. E, para andar rápido, precisava-se fazer sumir da cartola os entraves legais que “emperram” tudo. A mágica não era fácil, mas os mágicos deveriam receber cachês altíssimos, compensadores do serviço executado. Afinal somos os campeões, sabemos fazer. Completaríamos o truque transformando estádios de “10 conto de réis” em estádios de “20 mirréis”.
Deu tudo certo. Veio a palavra mágica.
Sigilo.
Propostas de oferta de preços não seriam anunciadas, não divulgadas, sigilosas. Só depois, no momento oportuno. Além disso, os ganhadores executariam tudo do projeto, do início ao fim. Como campeões deste esporte, ganhamos, deu tudo certo!
Faltava apenas encontrar a justificativa que faria a imensa torcida acreditar, vibrar com o sistema de jogo.
E lá veio a explicação oficial. Com o novo esquema “faremos com que haja muito maior transparência nos processos de licitação, evitando fraudes, evitando conchavos entre licitantes”, disseram os mágicos.
Ora, se é verdade que o processo que socorre emergencialmente o atraso das obras da Copa e das Olimpíadas Brasileiras e dá maior credibilidade ao processo licitatório, por que é que somente agora se adota a nova tática de jogo? Nunca se licitou nada antes?
Amigo, deixe de inocência, mágico que é mágico não explica o segredo do truque.
Habemus Copa!                               
E o otimismo do blogueiro onde fica? Desculpe-me Ruy Barbosa, mas creio que as nulidades um dia deixarão de triunfar e veremos a superioridade do time dos Honestos Éticos Futebol Clube.  
Teo – 25/06/11
  

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Onde CiVil?

Confesso minha total ignorância sobre o nome e, óbvia e consequentemente, das credenciais do anunciado novo (nova) titular da pasta de Ministro da Casa Civil. Jamais tinha ouvido falar dela. Porém, ao ser revelado seu currículo, concluí tratar-se de alguém que reúne grandes qualidades para ocupar cargo de tamanha relevância, apesar de muito jovem.  Afinal, irá suceder pessoas de projeção como Palocci e Dirceu. Seu currículo impressiona, pois dentre outras coisas, dirigiu Itaipu, o que não é para qualquer um. Para isso é preciso ter credenciais, particularmente, uma boa formação em gestão empresarial. E ela tem. Deste modo, fui apresentado a ela da mesma forma que o foi a milhões de brasileiros, na entrevista inicial que deu à mídia e no discurso de posse.
Aí.........aí, gente, .........Gelei!!!.
Eis que ela derrama nos microfones, cerca de meia dúzia de “Presidentas”, referindo-se ou dirigindo-se à Presidente Dilma. Bem, relevemos. Afinal, parece que “Presidenta” é o nosso mais novo neologismo. Componentes das Câmaras, senadores e vereadores, com honrosas exceções, usam o recém nato vocábulo a todo o momento...
Porém, não satisfeita, ela descarrega um ADÉÉÉÉÉQUA!!!!! Aí não tem regra gramatical inculta que aguente. O verbo Adequar é um verbo defectivo e como tal, não contempla conjugação em todos os tempos do presente do indicativo (aqui só é conjugado na primeira e segunda pessoa do plural) e do subjuntivo. Portanto, Ministra, a senhora não se ADÉÉÉÉÉQUA, nem mesmo se ADEQUUUUUA, ao perfil que a PRESIDENTA espera da nova integrante da Casa CIVIL (origem do meu trocadilho de mau gosto, ONDE CIVIL?), simplesmente porque a palavra não existe!!!
Portanto, sra. Gleisi, no seu primeiro contato após nomeação vimos que nós brasileiros, que acreditamos em você POR UMA VIDA MELHOR, constatamos que a senhora defende o mesmo princípio – POR UMA VIDA MELHOR – mas como título do livro da professora apoiada, e apoiado, pelo MEC. Salve a regra inculta! Rsrsrs...
Bem, o otimista aqui, tem certeza de que tudo se deve à emoção e ao nervosismo da estréia.
Téo -09/06/11                     

domingo, 5 de junho de 2011

"Na verdade"

Basta uma atenção superficial aos veículos de comunicação, falada e escrita, para se ter a certeza de que nunca se utilizou tanto a expressão "na verdade". Modismo? Talvez. Em tempos nos quais se cometem, a todo o momento, crimes de lesa-idioma, nada mais nos surpreende. Muitas vezes, tais crimes são praticados por aqueles que nos governam e que, portanto, teriam maiores responsabilidades, seja com o nosso idioma, seja com o real conteúdo do que expressam. Sou leigo em psicologia, porém, arrisco uma pergunta sobre o excesso de "na verdade”. Não seria por que nunca se mentiu tanto neste país?
Seria exagero de otimismo pensar que tudo isto pode mudar? Utopia? Penso que não. Basta não gastarem nosso rico dinheirinho produzindo e adotando cartilhas sem nexo que ignoram a regra culta da nossa riquíssima língua. Fazermos da ética e da verdade o padrão dos discursos e das atitudes de todos nós que ocupamos cargos de responsabilidade social.  
Téo
05/06/11

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Adendo à Morte Morrida

Uma leitora postou um interessante comentário sobre o assunto da Morte Morrida. Como vocês viram fui levado àquela reflexão a partir da expressão Falência de Múltiplos Órgãos, abreviando FMO, usual em atestados de óbito, causa mortis. Bem, como em cada cabeça uma sentença, a comentarista me lembrou que o evento valia para a política e a administração pública. Vive-se (ou morre-se) num pais chamado Brasil, com S ou com Z, tanto faz, da doença grave denominada FMOP, abreviatura de Falência de Múltiplos Órgãos Públicos. Neste laudo, certamente, ninguém está usando de subterfúgios para esconder nada, como o faz a FMO com a morte. A FMOP já levou a morte inúmeras esperanças de brasileiros que procuravam um lugar ao sol na vida. E continua levando. Curioso que todos nós até incentivamos a criação de inúmeros órgãos públicos, até mesmo escolas, hospitais. Políticos criam placas comemorativas de criação e fitas simbólicas de inauguração. Esquecemos que eles tem grande histórico de entrarem em falência. Com raríssimas exceções, entram mesmo. Como avidatemremedio, título do blog deste otimista, creio que há um único remédio para a FMOP. Chama-se VOTOL, ação prolongada.        
Téo - 05/2011

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Morte morrida

Morte morrida
Epa! O que é isso? Um cara que se diz otimista vem aqui falar em morte? Peraí (desculpem, esqueci a regra culta novamente). Explico. Encasquetei por ver em obituários o enorme percentual da causa mortis atribuída à “falência de múltiplos órgãos”.
Caramba! Quanta gente morre por FMO! Apesar de formado em área de ciências biológicas, sempre imaginei que o laudo era um subterfúgio do emissor do documento legal para justificar o injustificável, não dizer que foi “morte morrida”. Morrer, verbinho que nós, mortais, temos horror de empregar (ou de sentir, quem sabe?).  Convenhamos a bem da verdade, não daria para dizer nestes casos que foi de causa real desconhecida, nem de morte morrida. Pegaria mal e, além do mais, seria uma inverdade científica. Para minha surpresa e confirmação da minha ignorância no assunto, fui buscar mais informações e constatei que, tecnicamente, a FMO é um quadro mórbido, também conhecido como “insuficiência de múltiplos órgãos”, designação sob a qual consta no CID (= Classificação Internacional de Doenças). Fui, então, mais a fundo e encontrei a seguinte menção em revista especializada científica:
“com relação à mortalidade, as estatísticas revelam que quando apenas um órgão é insuficiente, está em torno de 25% a 30%, aumenta para 50% com dois órgãos, 75% com três órgãos e 100% quando quatro órgãos entram em falência”.
Incrível, não?! Quando quatro órgãos falirem, simplesmente você morreu. A pesquisa só fez confirmar minha impressão do pseudo subterfúgio constante do atestado de óbito (claro, com todo respaldo da ciência). Por que então este tema na pauta de um blogueiro otimista? Porque vejo neste assunto escolhido, uma desesperada fuga de nós mortais em encarar de frente tudo o que se refere ao mais inevitável dos eventos da vida. A morte. Chegamos, inclusive, a contra-sensos, como o de olhar para ela muitas vezes com mórbido prazer, a encarar com indiferença a avassaladora atual banalização da vida. Há uma distorção enorme nisto tudo. Penso que se encarássemos a “dona coisa” sem preconceitos, fato da realidade, evento inevitável, a vida correria melhor, mais prazerosa, valorizando mais e entendendo a vida.
Pela atualidade do fato, por termos todos compartilhado, vivido junto mesmo, a luta até bem humorada pela sobrevivência do bravo, valente, vice-presidente José de Alencar, transcrevo manchete publicada pela Agência Estado em 29/03/11, e elaborada com texto extraído do próprio boletim médico do hospital onde faleceu – morreu – desencarnou – expirou – nosso Alencar:
“José de Alencar morreu de câncer e falência de múltiplos órgãos”. Não bastaria dizer: “morreu de câncer”? Câncer? Outra palavrinha (ou palavrão?) impregnado de outros preconceitos. Mas, então ela encontrou-se na manchete com a FMO que justificou o................ desenlace.
Téo 05/2011  

terça-feira, 17 de maio de 2011

Refri

Há uma famosa e antiga marca de refri no mercado internacional e, claro, no brasileiro, sobre o qual desde a sua introdução no mercado pairaram, e pairam, inúmeros mistérios sobre a sua real fórmula. Não somente a curiosidade despertou-me o interesse pelo bombardeio de dúvidas sobre a composição dele, mas também, porque alimentos e bebidas industrializados são áreas da minha formação profissional. Todo debate, provavelmente, teria se esvaziado na origem, se o sabor do seu conteúdo não tivesse caído no gosto dos consumidores, especialmente dos jovens. De tudo quanto já se disse sobre ele, destaco coisas do tipo "nasceu para ser remédio, xarope para tosse"; "causa dependência, vicia"; "experimente colocar o líquido numa bandeja com carne e veja como dissolve o bife”. Faria o mesmo com o estômago do consumidor?". Bem, esqueçamos o mistério até hoje não esclarecido, e vamos abordar o mesmíssimo refri sob a luz do título e objetivos do nosso blog, otimista inveterado que sou.  Como? Depois de tudo quanto se afirma desta bebida? 
Está sendo veiculado na mídia o comercial "Existem razões para acreditar, os bons são maioria", expressão que afirmam ser baseada em um estudo sobre o mundo atual. Com frases do tipo  "para cada um dizendo que tudo vai piorar, 100 casais planejam ter filhos", "para cada corrupto há 8 mil doadores de sangue", "para cada tanque fabricado no mundo, são feitos 131 mil bichos de pelúcia", "amor tem mais resultado que o medo". Dá pra concluir que os gênios do marketing produziram o comercial com o componente da formulação que julgaram mais indicado para vender o refri: o OTIMISMO! Conclui-se que otimismo vende, pois as afirmativas são provenientes de pesquisa. Por outro lado, observamos aqueles que enxergam como pessimistas afirmarem que "cada refri desta marca que se compra ajuda os americanos a invadirem países" ou que "os alienados são maioria...." 
Do mesmo modo que o mistério da formulação permanece, não chegaremos a uma conclusão sobre quem saírá vencedor na disputa otimistas x pessimistas nesta causa. Porém, uma coisa é certa: o refri sempre vendeu milhões de unidades usando mensagens criativas calcadas em comerciais pouco inovadores, tradicionais. Se a mensagem atual usou o otimismo como ingrediente, e o produto continua querendo não somente vender, mas aumentar suas vendas é porque sabe que OTIMISMO VENDE, apesar dos mistérios do xarope... E se otimismo vende, a pesquisa e as frases apontadas no comercial devem estar certas.
Téo – 17/05                       

sábado, 14 de maio de 2011

Uma explicação necessária

Utopia?
Não acredito muito no que se denomina e conceitua como Utopia. Dizem os dicionários: algo que nunca foi realizado no passado e não se prevê que aconteça no futuro; projeto ou sonho que nunca poderá ocorrer. Será que neste nosso mundo acelerado dá mesmo para aceitar esta definição? Acho que não. Desculpem, não sou visionário. Um ligeiro olhar nos faz perceber tudo quanto aconteceu de mudanças de muito pouco tempo para cá, coisas tidas até então como impensáveis. No meu perfil rotulo-me como um otimista inveterado. É isso mesmo. E porque acredito. Mas, acreditar cegamente não.  Assim ditas religiões professavam e professam a fé cega, e deu no que deu. Morre-se desnecessariamente em nome delas. Milênios de História narram acontecimentos sangrentos em nome de religiões. É necessário analisar e adotar postura otimista. Otimismo para acontecer o quê? Melhorar, a nossa Terrinha se transformar num lugar menos vale de lágrimas, com menos catastrofistas. História da carochinha? Conto de fadas? Não!!! Dá pra mudar, porém, não com velocidade similar ao turbilhão de mudanças após Bill Gates. Mas dá.
Com esta visão tornei-me um observador crítico do que ocorre no nosso dia a dia atual. Para ter menor chance de errar, dou ênfase na observação de um tema de minha formação profissional, o medicamento de um modo geral, não técnico, e do qual muitos falam, mas  poucos entendem. Enfatizo também assuntos de interesse dos grupos das pessoas portadoras de deficiência, no qual me insiro e que foi o embrião dos meus genes otimistas. Faço também, algumas incursões analíticas apesar de ignorante que sou em fatos políticos, sociais e esportivos. Ninguém é de ferro.
Teo - 14/05/11