QUAL
ILHABELA QUEREMOS?
OU esta?
Há 35 anos Ilhabela entrou
na minha vida. Há
35 anos passei a frequentá-la com minha família. Moramos nela
há 10 anos. Tive por ela amor à primeira vista.
Plagiando letra de música (que
talvez os jovens de hoje nunca a tenham escutado) “desde que encontrei ela nunca mais amei ninguém” (exceção de minha
mulher e filhos, claro). Finais de semana, feriadões, feriadinhos, temporadas
de verão e de inverno eram aqui mesmo.
Mas o quê foi o que me
encantou nesta Ilhabela, outrora mágica?
Estou sendo injusto com a Mãe
Natureza. No que depende dela, Ilhabela continua mágica. Mas o ser humano,
animal predador, a descobriu, como era, aliás, óbvio que a descobriria, e era é
natural que seria estimulado a descobri-la. Mas no meio dos “descobridores”, estavam
gananciosos espécimes, homens públicos, nativos ou forasteiros, que passaram a
exercer aqui, com algumas exceções, o jeito brasileiro de “governar”.
E o encanto da ilha? a magia?....,
ora, ora..... estas coisas não têm a menor importância para eles, desde
que......
Um caso de cegueira de quem olha
só o próprio umbigo.
Aquilo que me atraiu, e que,
certamente, atraiu também a todos que conheceram a Ilhabela verdadeira, ao vivo,
por fotos ou por ouvir falar, foram suas águas límpidas, suas praias nas quais
se podia andar sem tropeçar em milhares de guarda-sóis e espreguiçadeiras, onde
artesãos encontravam com maior facilidade a inspiração para sua arte, onde
garçons não te atacavam para vender uma garrafa de água para o dono daquele
pedaço de areia que é nossa, onde se podia sentar na areia e visualizar a
natureza exuberante ao redor e não apenas a parafernália de cores de milhares
de tetos de barracas e as bandeirinhas indicando praia imprópria para banho,
impedindo a visão do céu azul brilhante e a do mar.
Sem saudosismos, os tempos
mudaram, mas aquela magia e encanto que me apaixonaram, e da mesma maneira aos
turistas nacionais e do exterior, foram os ingredientes que fizeram a ilha se
projetar internacionalmente.
Com os bem-vindos turistas,
também vieram políticos tão ávidos de exercer seu jeito brasileiro de
“governar”.
Com visão limitada (para não
dizer outras coisas) reconheceram que Ilhabela tinha nas mãos a riquíssima
indústria do turismo. E a exploraram, Em todos os sentidos. Mas, esqueceram de que
incentivar o turismo significa, prévia ou paralelamente, dar todas as condições
de reforçar a infra-estrutura que permita ao visitante encontrar o conforto que
lhe proporcione desfrutar com bem estar das belezas do local, incentivando-os a
retornar. Contra senso ou ignorância? Dá no mesmo.
Esqueceram que não há
turismo de qualidade sem que, previa ou paralelamente, se VALORIZE a POPULAÇÃO
LOCAL, o HABITANTE LOCAL, e lhe dê tudo o que há de formação, desenvolvimento,
conforto, escolaridade, saúde, conhecimentos, trabalho e empregos relacionados
e voltados principalmente aos interesses locais.
Desculpem-me o termo vulgar
e chulo, nada científico, mas tudo isto tem sido feito de modo intra-femoris, de
modo agressivo à manutenção dos valores próprios desta ilha mágica e
encantadora.
TÉO - 17/09/16